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Tinturas vegetais. Prepare as suas!

  Tintura é um extrato alcóolico ou hidroalcoólico de origem vegetal ou animal. No caso das vegetais são produzidas com partes de uma  planta cujas propriedades foram extraídas com um solvente (álcool de cereais, álcool anidro ou glicerina) através de maceração.
  Essas gotinhas carregam as mais variadas propriedades medicinais mas também podem ser usadas no dia a dia em sua cozinha, podemos obter extrato de baunilha (de verdade), canela, bergamota, cravo, aqui vale usar a criatividade!
  As farmacopeias, geralmente indicam o uso de plantas secas e o processo de percolação para a extração dos princípios ativos. Aqui vamos falar sobre os procedimentos básicos para se obter uma tintura caseira. É possível  usar plantas frescas desde que sejam recém colhidas, sendo assim a quantidade a ser macerada será sempre o dobro das plantas secas, falaremos sobre as proporções mais adiante. 

MAS POR QUE TINTURA E NÃO CHÁ?

    Muitas plantas possuem substâncias que se degradam com o calor, as termolábeis ou voláteis e semi- voláteis:
    Assim, temos maior riqueza de princípios ativos que os disponíveis nas infusões, que são rapidamente absorvidos e transportados pela corrente sanguínea.
   A tintura é fácil de administrar, basta diluir algumas gotinhas em água e pronto! Ela também é fácil de ser transportada para onde você for, você poderá sempre ter na bolsa um bom anti inflamatório no caso de ferimentos.
   Elas podem ser preparadas com plantas compradas de boa procedência, mas é interessante também aproveitarmos podas e espécies em abundâncias ou sazonais em nossos quintais, pois apresentam um bom tempo de conservação: 1 ano para extratos feitos com plantas frescas e 2 anos para extratos a partir de plantas secas, de acordo com a quantidade de água na mistura.

ESCOLHENDO SUAS ERVAS COMPANHEIRAS

  A escolha da planta pode partir de uma indicação que alguém deu, da sabedoria popular,  através de livros ou alguma espécie  presente em seu quintal, caso tenha o prazer de conviver com elas.  Qualquer  que seja a forma que o conhecimento do vegetal escolhido para preparar a tintura, busque complementar as informações que tem sobre a planta em questão consultando bons livros /artigos sobre uso medicinal das plantas, e/ou com pessoas que possuem bastante experiência no assunto.
 Pode-se obter o extrato de todas as plantas, porém muitas não convém serem tomados. Tinturas apresentam elevada concentração de princípios ativos e muitas podem apresentar efeitos tóxicos para uso interno.  Mesmo algumas que comumente fazemos chá às vezes não são inofensivas na forma de tintura. A produção caseira de tinturas, deve excluir as plantas heróicas, tais como o acônito, beladona, dedaleira, cânhamo indiano, ipeca, estramônio, meimendro, cantáridas, etc... elas possuem princípios ativos muito concentrados que podem ser perigosos e até fatais.
  Para fazer bom uso delas, devemos estar cientes de nosso estado de saúde, considerar qualquer problema crônico que sofremos para não nos expor ao risco de efeitos adversos indesejáveis e até perigosos.  Gestantes e lactentes tem muitas restrições, o uso de ervas medicinais nesse período deve ser feito com muita cautela, informação e acompanhamento, assim como para problemas de saúde mais graves. Interações com medicamentos também podem ser perigosas, sempre consulte médico caso faça uso de algum.
  Estude sempre a  planta escolhida para sua tintura, não esqueça de observar suas contra indicações para saber se poderá ingerir a erva.
  É mais seguro usar ervas  de conhecimento popular, comum em nossos quintais:

Alho, angico, alecrim, baleeira, bálsamo, boldo, calêndula, carqueja, cavalinha, cúrcuma, dente de leão, espinheira santa, flor de mamão macho, guaçatonga, hortelã, losna, macela, maracujá, mastruço, mil em rama, malva, melão de são caetano, pata de vaca, poejo, quebra pedra, romã, salsinha, tansagem etc...

http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2010/anexo/anexo_res0010_09_03_2010.pdf
Tabela de plantas medicinais regulamentadas pela ANVISA. Propriedades, forma de utilização, dosagem, contra indicações e efeitos adversos.


ALGUNS CUIDADOS NA COLETA:

- As plantas tem variação dos princípios ativos durante o dia e época do ano, variando de acordo com cada espécie. Em geral, período da manhã há maior disponibilidade de óleos essenciais e alcalóides e à tarde nota-se maior concentração de glicosídeos.

- Convém colher em dias secos.

- Tinturas medicinais devem ser obtidas de plantas orgânicas.

- Verifique se há algum contaminante próximo às plantas a serem colhidas: alto tráfego de veículos, pulverizações, lixo, fezes...

- Examine se o vegetal está sadio. As folhas não devem apresentar ferrugens, ácaros, fungos, etc...

- Cuidado para não "arrastar"  outras espécies que estejam entrelaçadas na planta que está sendo colhida.

- Escolha sempre plantas adultas, bem formadas.

- Colha com carinho e respeito.  Cuidado para não puxar galhos, não corte  as folhas com as unhas, ou quebre, utilize uma tesoura de poda ou convencional.


PARTE DA PLANTA   -   MELHOR MOMENTO PARA COLHER

FOLHAS                           ANTES DA FORMAÇÃO DO BOTÃO FLORAL    

BROTOS                           FIM DO INVERNO

FLORES                            DESABROCHADAS E ANTES DE SEREM FECUNDADAS

FRUTOS                           MADUROS

SEMENTES                      PLENO AMADURECIMENTO

CAULE                             OUTONO

MADEIRA                        INVERNO

CASCAS                            QUANDO A PLANTA ATINGIR A PLENITUDE DO CRESCIMENTO

RAIZ/RIZOMAS               PLANTA ADULTA
BULBOS


 Após colhida deve-se selecionar apenas as parte que serão utilizadas. Se usa apenas folhas, elimine, caules, galhos, deixe apenas as partes de interesse. O próximo passo é  pesar, antes lavá-las para que o peso da água acumulada não interfira.

 Em seguida lave bem o material vegetal e distribua sobre uma mesa forrada com uma toalha ou guardanapo limpos para escoar o excesso de água. Muita água na tintura pode diminuir o prazo de validade.

              
 ESTABELECENDO AS PROPORÇÕES 

 Aqui estamos seguindo a indicação de uma apostila das Farmácias Vivas, no qual dá a 'receita' da tintura oficial  a 20%, ou seja, 20 gramas de planta fresca para 80 ml do solvente utilizado, nesse caso podemos empregar álcool de cereais a 70, 94, 96º, álcool anidro ou absoluto a 99º, cachaça de alambique de boa qualidade a pelo menos 60º , vodka ou rum. 
  
 Pese/determine  a quantidade de planta que vai utilizar e se baseie na seguinte proporção para calcular suas medidas:

Material para 1litro de tintura

800ml álcool de cereais a 92 ou 96º
200ml de água destilada ou fervida fria (se o álcool não for a 70º não é necessário usar a água)
200g de planta fresca ou 100g de planta seca

ATENÇÃO: Há divergências em relação às proporções de plantas de acordo com a fonte consultada.


PREPARANDO A TINTURA

Pique a planta em pedaços pequenos com as mãos bem limpas, evite usar utensílios de metais para evitar oxidação de algumas propriedades. Coloque o material em um vidro de boca larga limpo, acrescente um pouquinho de álcool e soque a planta com um pilão, de preferência de porcelana. 

Acrescente o restante de álcool e a água e misture.

Tampe. 

Agite levemente a mistura 1 vez ao dia durante o período de maceração

Cole uma etiqueta informando o nome da planta em maceração e a data de fabricação, para que saiba o dia certo de coar.

Armazene o vidro em local seco e escuro


TEMPO DE MACERAÇÃO

É diferente para cada parte empregada da planta:
FOLHAS, FLORES, TALOS- 10  a 15dias
BULBOS E RIZOMAS- 15 a 20 dias
RAIZES, CASCAS E SEMENTES- 30 dias

 Terminado o tempo necessário de maceração, coe com um pano de algodão ou voil. Armazene toda a solução em um vidro âmbar esterilizado. Este vidro ficará sempre guardado em local escuro, abasteça vidros conta gotas conforme a necessidade de uso. Cole uma etiqueta com a identificação da tintura(veja modelo abaixo), data de validade (1 ano se feita com plantas frescas e 2 anos se produzida com plantas secas).

DOSAGEM: varia de acordo com a planta empregada, mas a dosagem geral de uma planta segura para consumo,  é de 10 a 15 gotas diluídas em água, 3 vezes por dia.


MODELO DE BULA

Açafrão da Terra - Curcuma longa L.

Parte utilizada: rizomas

Indicação: Uso interno- Colerético, colagogo, hipolipemiante, antiespasmódico, anti-flatulento e antioxidante.Uso externo- Anti infeccioso, cicatrizante.

Contra indicação:Não usar em gestantes, lactantes, alcoolistas, diabéticos e pessoas com cálculos biliares, obstrução dos ductos biliares e úlceras gastroduodenais.

Modo de usar: tintura 15 gotas diluídas em água 3 vezes ao dia, acima de 12 anos.



LINKS PARA CONSULTAS:




















O amendoim e a aflatoxina

  Que leguminosa generosa é o amendoim! De sabor marcante dá o toque ou é o protagonista em diversos pratos doces e salgados, germinado é ótimo para fazer um saboroso leite ou ricota vegana...hummmm
 Mas você já ouviu falar da aflatoxina? É uma toxina produzida por um fungo (Aspergillus flavus), principalmente no amendoim se alguns cuidados não forem tomados durante a colheita, cura e estocagem.  A toxina tem efeito cumulativo em nosso organismo,  e pode ir se alojando principalmente no fígado, causar cirrose,  ou até mesmo câncer além de interferir no sistema imunológico.

  Calma! Não temos intenção de fazer alarde ou que você perca o gosto pelo amendoim, ele é um alimento rico em nutrientes e energia! Queremos dar um alerta para que estejamos atentos na compra e preparo dos alimentos, e dos derivados de amendoim principalmente. Trigo, milho e derivados ou produtos lácteos por exemplo, também podem apresentar micotoxinas  produzidas por diversos fungos, porém há limites seguros estabelecido pela ANVISA de  acordo com cada alimento. O do amendoim (com casca, descascado, cru ou tostado, pasta de amendoim ou manteiga de amendoim) é de 20 (μg/kg). Ver tabela: http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/anvisa+portal/anvisa/sala+de+imprensa/menu++noticias+anos/2011+noticias/anvisa+estabelece+limites+para+presenca+de+micotoxinas+em+alimentos

  A toxina não se perde com o cozimento ou torra“As aflatoxinas não são destruídas com o processo térmico. Não adianta torrar o amendoim; elas são estáveis à temperatura. Na paçoca e pé-de-moleque vai existir aflatoxina”, afirma o professor  Rodrigo Ramos Catharino da Unicamp. 

  Recomenda-se comprar amendoins e derivados de produtores que tenham o selo de qualidade da ABICAB, pois teoricamente passam por um rigoroso controle de qualidade desde a plantação até o empacotamento. Para germinar sempre escolha amendoim TIPO 1.
  Encontrei marcas de amendoins de ótima qualidade e que não possuem o selo, há que examinar com atenção . Os  vendidos a granel estão mais suscetíveis à “contaminação”, se não tiverem condições perfeitas de estocagem desde a colheita até a venda.  Devemos observar se os grãos não trazem marcas de roedores, rachaduras e pequenos pontos de bolor, apesar de que alguns sinais do fungo só podemos detectar após pelar o alimento.
  Geralmente quando tostamos os amendoins abrimos o pacote e despejamos o conteúdo diretamente na forma, sem escolher.  Consumi-los pré- germinado é mais seguro . Seja para consumo em casa ou para preparar um alimento para vender , deixo os  amendoins de molho por uma hora em uma solução de água e bicarbonato de sódio,  enxáguo e coloco  novamente de molho de 8 a 12 hrs,  esse processo também torna o amendoim mais digestivo e eleva seus nutrientes. Após o molho tiro as peles antes de tostar ou germinar,  eliminando todos que apresentarem qualquer mancha ou erosão em sua superfície.
   Que a nossa alimentação seja uma prática cada dia mais consciente e saudável!

  
  Outras fontes:


Caferana (Bunchosia armeniaca)

 Alguém conhece a Caferana?


  Ela é nativa dos andes mas facilmente encontrada por aqui.
  Tem que comer bem madura, vermelhinha para saber como é especial! Nunca soube ao certo o nome dessa frutinha que por brincadeira eu chamava de guaranazão, porque a considerava um parente do café e guaraná...
  Podem ser colhidas ainda duras, e caso queira preparar um doce ou molho, coloque as frutinhas laranjas em uma travessa coberta com um pano levemente úmido, ao fim de cada dia separe as que estiverem bem vermelhas e vá guardando em um pote na geladeira. Quando juntar a quantidade suficiente é só preparar!
  Pode cortar lascas com uma faca, tomando cuidado para não tirar pedaços de sementes pois podem amargar a receita, ou simplesmente deixe que as frutas descongelem e então passe por uma peneira.
Com a polpa podemos preparar doces ou molhos, acrescentar em comidas para dar um toque agridoce e avermelhado, não reprima sua imaginação ela sempre vai bem!
  Aqui o Estragón fez um molho (desta pizza) sugerido no livro das PANC's do Lorenzi que me encantou!! Se você quer dar um tempo do molho de tomate convencional, que traz uma carga extra de agrotóxicos, esta é uma ótima opção!

Que Tenochitlán proteja os cacaueiros de nossas florestas!

Lu afonso
 

No aconchego do outono

   Celebramos os tons laranja, antes que chegue o solstício de inverno.
   No aconchego do outono...








Sementes noturnas


 Germinando

       Você já deve ter ouvido falar dos germinados, ou pelo menos já provou alguma vez alfafa ou moyashi, brotos populares nos mercados. Mas quem quiser entrar em contato com a 'alimentação viva', nada melhor do que despertar suas sementes em casa.
       Aproveite a chegada do verão para provar pratos preparados com germinados! São frescos e muito mais nutritivos: leguminosas, sementes e cereais germinados têm carga extra de vitaminas e minerais, e elas já estão 'prontas' para serem absorvidas pelo organismo, pois suas enzimas estão ativadas e os teores de fitato reduzidos.
       É importante deixar as leguminosas, oleaginosas e cereais integrais de 8 a  12 horas de molho (consulte uma tabela de tempo para cada grão), momento em que o grão estará metabolizando essa substância que favorece sua germinação, mas que atua como um anti- nutriente em nosso sistema digestivo. Isso vale também para os feijões a serem cozidos, nesse caso a água do molho deve ser descartada e trocada para o cozimento.
      O fitato é um quelante, e dentro de nosso intestino ele se adere principalmente ao cálcio, ferro e ao zinco, formando substâncias insolúveis de difícil absorção. É uma questão muito importante que não deve ser subestimada principalmente por veganos e vegetarianos, que dependem de fontes vegetais desses nutrientes. Mas o ácido fítico não é somente vilão: estudos e testes confirmam que a substância é ativa na redução de tumores, na  redução de formação de cáculos renais e atua como protetor contra doenças cardiovasculares. Um paradoxo? Talvez ao consumir alimentos integrais, não processados industrialmente, e ter uma alimentação balanceada, estaremos ingerindo quantidades suficientes da substância para que ela atue beneficamente em nosso organismo e também suficientemente  supridos das doses diárias de vitaminas e minerais.

       Abaixo um passo a passo básico do processo de germinação.